segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Algodão dobra de área de plantio na região

A recuperação dos preços da fibra no mercado internacional está levando agricultores a uma retomada no plantio do algodão. Segundo reportagem de José Maria Tomazela , publicada no Estadão de quarta-feira (1º), a área plantada deverá ficar entre 1,08 milhão de hectares, 29,3% a mais que na safra passada, e 1,14 milhão, 36,9% a mais, conforme a Conab. A produção deverá oscilar entre 2,56 milhões (aumento de 39,1%) e 2,72 milhões (mais 47,5%) de toneladas de algodão em caroço.
Na avaliação de especialistas consultados pelo jornalista que faz a cobertura da região sudoeste paulista, a retomada ocorre num momento de cenário favorável para o produtor, segundo os principais indicadores: os estoques internacionais estão baixos, por causa da frustração de safras anteriores, e a demanda se mantém aquecida.
O maior porcentual de acréscimo de área é em São Paulo, onde a área cultivada saltou de 9.200 hectares para 20 mil, ou 115,5% a mais. Conforme o Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), a elevação ocorreu principalmente nas regiões de Itapeva e Avaré, no sudoeste paulista, que juntas, detêm 86% da produção estadual.
Em Itapeva, foi de 700 para 2.500 hectares. Na área de Avaré, o plantio atingiu 14.500 hectares, ante 6.300 da safra anterior.  As grandes extensões cultivadas estão na zona de influência da Cooperativa Agro Industrial Holambra, entre Paranapanema, Itapeva e Itaí. Só os cooperados ampliaram de 4 mil para 12 mil hectares a área.
Conforme o gerente agrícola Renato Yassuda- destaca a reportagem -, houve a reocupação de antigas áreas de cultivo que, por causa dos preços baixos nas últimas safras, haviam sido destinadas a outras lavouras. Os administradores da cooperativa têm motivo para comemorar a volta por cima do algodão. Nos últimos anos, a moderna unidade de beneficiamento instalada em Holambra, com capacidade para produzir 6 toneladas de pluma/hora, operava com capacidade ociosa.
Tradição. O produtor Jacobus Derks acompanha o crescimento do algodão nos 480 hectares plantados nas Fazendas Amarela Velha e Santa Fé, entre Itapeva e Paranapanema. Produtor tradicional, ele nunca deixou de cultivar a fibra, mesmo quando o preço estava baixo. Nesta safra, a área é o dobro da que foi colhida no ano passado. “O algodão é uma cultura cara e não dá para trabalhar sem planejamento”, diz. Produtor de outros grãos, como feijão, soja, trigo e milho, ele toca as lavouras com os dois filhos agrônomos, Tomas, de 26 anos, e Tiago, de 28. Derks conta que o algodão se encaixa muito bem no sistema de rotação de lavouras. “Nesta área colhemos cevada, na outra, milho para semente.”
Como o ciclo da planta é longo, de sete meses, o custo de produção passa dos R$ 5 mil por hectare. Ele espera colher 300 arrobas de algodão em caroço, ou 120 de pluma beneficiada, por hectare. Mais da metade da produção teve a venda antecipada à média de R$ 70 a arroba. Na safra passada, ele vendeu a R$ 45. “Vamos ter dois ou três anos bons para o algodão.”
O agrônomo Vandir Daniel da Silva diz que o algodão exige alta fertilidade. “Geralmente o produtor planta milho e soja por quatro ou cinco anos e só depois entra com o algodão na mesma área.” Na região de Paranapanema, a cultura é de padrão internacional: além dos tratos culturais avançados, os produtores usam máquinas sofisticadas do plantio à colheita. A qualidade das fibras está entre as melhores do país. “É produto de exportação, com a vantagem de entrar no mercado entre maio e junho, um mês antes do que as outras regiões.”