As exportações brasileiras de algodão aos países árabes avançaram 146% em valor entre janeiro e agosto de 2011 sobre o mesmo período do ano passado. De acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), as vendas passaram de US$ 4,4 milhões para US$ 10,8 milhões. "No ano passado o algodão estava bem mais barato", diz o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Sérgio De Marco.
De fato, as vendas em volume também cresceram, mas em proporção menor. Saíram de 2,6 mil toneladas, de janeiro a agosto de 2010, para 3,7 mil toneladas em igual período deste ano, avanço de 30%. O maior importador, no mundo árabe, foi o Marrocos, com 2,7 mil toneladas, ou US$ 9,2 milhões. De Marco lembra que o volume é pequeno diante do total que o País deve exportar em algodão neste ano, 800 mil toneladas, mas afirma que o segmento está olhando com atenção para este começo de importação dos marroquinos.
O presidente da Abrapa acredita que as compras do Marrocos foram motivadas pela qualidade do algodão brasileiro. Ele lembra que o produto conquistou conceito de qualidade no exterior. Segundo ele, também deve ter pesado, na importação, o preço. De Marco acredita que os marroquinos tenham conseguido um preço mais barato para o algodão brasileiro. "Possivelmente estamos tirando mercado da Austrália, do Paquistão", afirma ele. O Marrocos tem uma vasta indústria de confecção, incluindo fabricação de grifes européias.
Na outra mão, também o Brasil importou mais algodão do mundo árabe. Mas o algodão comprado foi do Egito, país que tem tradição em produzir um algodão de fibra longa, voltado para produtos de alto padrão. O Brasil gastou US$ 11 milhões com compra de algodão egípcio de janeiro a agosto, com avanço de 375% sobre o mesmo período do ano passado, quando as compras estavam em US$ 2,3 milhões. Desembarcaram no Brasil 2,1 mil toneladas de algodão egípcio até agosto, contra 926 toneladas nos oito primeiros meses do ano passado. O crescimento, em volume, foi de 127%.
Até maio deste ano, o Brasil mantinha zerada, para determinada quota, a tarifa de importação do algodão, visando o abastecimento do mercado interno, já que alguns estados brasileiros tiveram quebra de safra. A situação, porém, já está normalizada. De acordo com De Marco, neste ano o Brasil deve colher 1,75 milhão de toneladas, sendo que a indústria nacional vai consumir 900 toneladas e cerca de 800 mil toneladas serão exportadas. Com isso, deve faltar pouco algodão no mercado, cerca de 50 mil toneladas. A colheita de algodão foi concluída neste mês de setembro e o plantio da próxima safra começa em dezembro.
Fonte: Agrosoft