quinta-feira, 24 de maio de 2012

Algodão: MT é exemplo de desenvolvimento


Mato Grosso é o maior produtor brasileiro e exemplo de desenvolvimento sustentável para outros Estados e setores produtivos.
Em 1933 chegavam a Mato Grosso os primeiros 1.200 kg de sementes melhoradas do algodão herbáceo, variedade Texas 7111, trazidos pelo Dr. Liberato Barrozo. A chegada deu início às primeiras lavouras, na região Sul do Estado. Na década de 60, foi a vez de Rondonópolis que, apesar da predominância de pequenos produtores, ficou conhecida como “Rainha do Algodão”.

Com o início das pesquisas, marcado pela inauguração do primeiro laboratório de classificação do algodão do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), em 1986, a cotonicultura se espalhou por todo o Estado e tornou-se alicerce para o seu desenvolvimento econômico e social.

Algodão tem grande contribuição para o desenvolvimento econômico e social do EstadoDepois de mais de meio século de história, as conquistas do algodão em Mato Grosso ultrapassaram as barreiras geográficas e prometem ir muito além: o Estado é o maior produtor de algodão do Brasil que, por sua vez, este ano saiu da quinta colocação e passou a ser o terceiro maior produtor do mundo, de acordo com ranking do United States Department of Agriculture (USDA). O país fica atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.

A expectativa para 2012 é de que o Brasil exporte 30% a mais do que em 2011, alcançando 970 mil toneladas, segundo a analista de mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Elisa Gomes. Ela explica que o perfil da produção no país mudou ao longo do tempo. “Na década de 90, sua produção era mais destinada ao mercado interno”, elucida. “Mas no ano passado essa imagem se inverteu: o consumo interno enfraqueceu, a produção aumentou e possibilitou incrementar a exportação”, conclui.

“São novos tempos para a agricultura, e Mato Grosso tem tudo para servir de exemplo para outros Estados e setores produtivos”, afirma diretor executivo do Instituto Algodão Social, Felix Balaniuc.Prova disso é que até abril o Brasil embarcou 226,3 mil toneladas da mercadoria, sendo 51% deste volume oriundo de Mato Grosso. De todos os produtos exportados no primeiro quadrimestre de 2012, o algodão é o segundo que mais gera receita para o Estado, com U$ 217,6 milhões, ficando atrás somente do complexo soja. Os maiores compradores são os países asiáticos Coreia do Sul, Indonésia e China.

Colhendo respeito

Não só o mercado mudou seu perfil, mas também o trabalhador do algodão. Se antes a capinaria manual era uma das grandes causadoras de problemas trabalhistas, hoje as lavouras de algodão apresentam equipamentos de última geração e mão de obra mecanizada, e são exemplo de desenvolvimento sustentável e boas práticas sociais.

Segundo o diretor executivo do Instituto Algodão Social, Felix Balaniuc, o perfil do trabalhador do algodão é mais sofisticado e exige maior capacitação; a imagem do produtor, por sua vez, está mais compromissada com o desenvolvimento sustentável e as boas práticas agronômicas, com ações que promovem a responsabilidade social no campo e o apoio a projetos educacionais rurais. “São novos tempos para a agricultura, e Mato Grosso tem tudo para servir de exemplo para outros Estados e setores produtivos”, afirma Balaniuc.

A conscientização dos produtores também foi peça-chave para que o Estado se tornasse pioneiro em importantes iniciativas, a exemplo da criação da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e do Instituto Mato-grossense de Algodão (IMA) – criados para elevar o nível de capacitação do trabalhador e do produtor rural – e o Instituto Algodão Social (IAS), compromissado com a ética, a cidadania e a prática da responsabilidade social em todos os setores produtivos do algodão.

Qualidade social do algodão

O produtor que investe em qualidade social, segundo o IAS, é aquele que não permite o trabalho infantil e o trabalho forçado, degradante ou indigno; cumpre as normas trabalhistas, de segurança, proteção à saúde do trabalhador e ao meio ambiente do trabalho; apoia a negociação coletiva e é contra a discriminação de pessoas.

As vantagens desse compromisso vão desde o aumento da competitividade, um maior valor agregado à matéria-prima, a boa imagem perante indústrias e clientes e até a obtenção de financiamentos no sistema bancário. “Mato Grosso conseguiu elevar o nível, não só na questão trabalhista como também na qualidade do algodão, que é de excelente qualidade”, pontua o diretor executivo.

Demanda reprimida

Apesar das boas notícias, a última safra revelou que este não está sendo um momento tão favorável para o produtor. Enquanto em abril de 2011 a arroba da pluma (que equivale a 15 quilos) foi comercializada a R$ 115,00, em abril de 2012 o custo baixou para R$ 49,80. Segundo a analista de mercado do Imea, isso se deve à demanda mundial, levemente reprimida, e ao estoque inicial, que na safra 11/12 abriu com 522 mil toneladas, diante de apenas 76 toneladas da safra10/11, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Produzir algodão ainda não é tão atrativo quanto produzir soja ou milho, devido ao alto custo da produção”, explica Elisa.

Fonte: Circuito Mato Grosso