Para CNI, medidas do BC para tirar dinheiro do mercado reduzirá crescimento da indústria
Após três meses de crescimento, o faturamento da indústria brasileira apresentou queda de 0,7% em outubro, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (6) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Os setores que mais sentiram o recuo foram o de metalurgia básica e têxteis.
De acordo com o gerente executivo da unidade de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, a queda apresentada em outubro não preocupa de imediato, mas serve como alerta para que o governo monitore o vigor da indústria.
- O indicador teve uma pequena queda, que não é tão importante. O ritmo da atividade industrial nesse segundo semestre é bastante diferente do que predominou no final de 2009 e no começo de 2010. Ainda há uma tendência de crescimento bem delineado do setor industrial, mas essa tendência está bem mais fraca que no início do ano, parte por causa da penetração de produtos importados e da taxa de câmbio valorizada.
A preocupação reduzida se dá por conta da análise dos dados acumulados no ano. Nos primeiros dez meses de 2010, o faturamento da indústria marca recorde histórico, com uma taxa de expansão 10,4% superior à registrada no mesmo período do ano passado, como aponta Marcelo de Ávila, analista da CNI.
- Em termos de faturamento, a crise já ficou para trás. Levou quase dois anos para recuperar, mas a verdade é que já ocorreu.
Em relação aos outros indicadores analisados pela CNI, quase todos apresentaram estabilidade. A utilização da capacidade instalada, que verifica a disponibilidade da indústria em aumentar a produção, cresceu 0,2 pontos percentuais e está próxima ao patamar verificado antes da crise financeira mundial. O mesmo ocorreu com as horas trabalhadas, que mede a produção dos setores e ficou praticamente estável em outubro.
Um ponto, no entanto, requer uma atenção maior, segundo Flávio Castelo Branco. O emprego ficou estável em outubro, quando comparado com o mês anterior. De acordo com o economista, por 16 meses consecutivos o emprego não registrou queda. Mas essa regra deve mudar.
- Dada a perda de intensidade do ritmo de crescimento, de certa forma é esperado isso. É mais ou menos usual o recuo do emprego, principalmente em dezembro e nos primeiros meses do ano, que são meses mais fracos.
O panorama é mais preocupante por conta das medidas tomadas recentemente pelo BC (Banco Central) para restringir o crédito entre a população por temor de uma volta da inflação.
- Obviamente, qualquer restrição monetária e de disponibilidade de financiamento vai impactar o crédito e diminuir o ritmo de expansão. O diagnóstico do BC foi de aquecimento da demanda e, portanto, optou por reduzir a disponibilidade de recursos e prazo. São medidas que vão na direção de reduzir um pouco o ímpeto da trajetória de consumo e que possivelmente vai ter um impacto na expansão do ritmo industrial.
Fonte: R7 Notícias Economia