O aumento dos preços no mercado internacional deve levar o Brasil a produzir a maior safra de algodão da história no ano que vem, com a perspectiva do setor de atingir 1,8 milhão de toneladas. A reboque do otimismo em atender à demanda crescente, no entanto, vem uma informação desoladora: a de que este volume corresponde à capacidade máxima instalada do país, levando-se em conta o número total de colheitadeiras no campo. O recorde anterior foi verificado momentos antes da crise financeira internacional, na safra de 2008, quando foi colhido 1,6 milhão de toneladas de algodão.
A grande preocupação é que, se houver falta de matéria-prima, os preços tendem a subir mais para a indústria. E, como sempre é feito, o aumento dos custos é repassado para o consumidor. Como a economia está aquecida, a tentativa deve ser feita com sucesso, mas a consequência é a inflação mais alta, o que significa alta dos juros. Para produzir mais, será necessário investimento no setor.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Sérgio De Marco, descarta, no entanto, qualquer aplicação nos próximos meses, alegando que a volatilidade dos preços não traz segurança aos cotonicultores de que a procura pela fibra continuará forte como agora. Por isso, primeiro, os produtores estão tratando de colocar em campo colheitadeiras que estavam encostadas desde os tempos da turbulência internacional. Eles sabem que trabalharão no limite em 2011. Mesmo assim, perspectivas de investimentos apenas serão feitas a partir de julho, quando a produção, que começou a ser plantada ontem, estiver encerrada.
Do total 1,8 milhão estimado para o próximo ano, cerca de 1 milhão já foi vendido. A maior parte - perto de 700 mil toneladas - foi comercializada a um preço de US$ 0,75 por libra peso. Aproximadamente 300 mil toneladas, a US$ 1,00 libra peso. As vendas foram feitas em um momento em que os cotonicultores acreditavam ser esse já um preço bastante compensador.
Ocorre, no entanto, que atualmente, a commodity está sendo vendida ao dobro desse valor nesse mercado internacional. Mesmo em um dia de baixa, o contrato de algodão com vencimento em março, o mais negociado, foi cotado em US$ 1,30 por libra nesta segunda-feira. Para não ficarem reféns do vaivém dos preços de mercado, os produtores querem que o governo arque com possíveis quedas nas cotações do produto tendo o preço de R$ 44,10 por arroba como referência. A proposta foi feita informalmente ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi. A intenção é de buscarem informações mais precisas no México, onde há um instrumento de auxílio do governo com foco no mercado futuro.
Fonte: Monitor Mercantil